Quanto vale ou é por quilo? Resumo, Resenha e Filme completo

Há alguns anos, por uma indicação de um Professor da faculdade, assisti ao filme “Quanto vale ou é por quilo?” Esse filme, que traz uma crítica social forte, mexeu muito comigo. Por isso, resolvi trazer o artigo mais completo possível, com resumo, personagens, ficha técnica e a minha resenha crítica pessoal.  E ao final, deixarei o filme completo dublado para quem se interessar, assistir e tirar suas próprias conclusões. Então, vamos ao artigo!

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Sinopse do filme “Quanto vale ou é por quilo?”

Quanto vale ou é por quilo? É uma livre adaptação da Literatura Brasileira, baseada no conto de Machado de Assis, “Pai contra Mãe” lançado em 1906, publicado no livro “Relíquias da Casa Velha”, e que nos traz uma importante reflexão sobre a sociedade brasileira escravocrata do século  XVIII e a realidade da sociedade contemporânea.

No século XVIII, um caçador de escravos captura uma escrava que escapou, e ela, estando grávida, é entregue de volta ao seu proprietário. Subsequentemente, a escrava perde o bebê que esperava devido a essa situação.

Nos tempos atuais, uma Organização Não Governamental (ONG) lança o projeto “Informática na Periferia” em uma comunidade carente. Durante o desenvolvimento do projeto, Arminda, uma colaboradora, descobre que os computadores adquiridos foram comprados a preços superfaturados. Isso a coloca em perigo, e como resultado, Candinho, um jovem desempregado com uma esposa grávida, se torna um assassino de aluguel para ganhar dinheiro e garantir sua sobrevivência

Resumo do filme “Quanto vale ou é por quilo?”

“Quanto Vale ou É por Quilo?” é um longa-metragem brasileiro de 2005, pertencente ao gênero do drama, sendo dirigido por Sérgio Bianchi.

O filme estabelece uma comparação entre o comércio de escravos do passado e a exploração contemporânea da miséria por meio de estratégias de marketing social, revelando uma falsa solidariedade. A produção lança críticas à atuação de organizações não governamentais (ONGs) e seu envolvimento na angariação de recursos junto ao governo e empresas privadas.

A obra é uma adaptação do conto “Pai contra mãe” de Machado de Assis, e ao longo do filme, são perceptíveis as referências a esse conto literário.

pai contra mae machado de assis
Abaixo deixo o link do conto “Pai contra Mãe”.
👉 Conto Pai contra Mãe

Se quiser, você pode acessar também a coletânea de contos “Relíquias da Casa Velha” que contem este e mais 8 contos. 

👉Coletânea Relíquias da Casa Velha

O que significa a expressão Quanto vale ou é por quilo?

É uma expressão que pode ser interpretada de forma simbólica. A expressão, em seu contexto original, questiona o valor das coisas e das pessoas com base em seu peso ou utilidade. 

No filme, essa expressão é usada para explorar questões sociais, econômicas e éticas, fazendo uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a exploração da miséria contemporânea. 

O filme aborda a ideia de que, em muitas situações, as pessoas e suas necessidades são tratadas como mercadorias, e seu valor é determinado principalmente pelo benefício econômico que podem proporcionar. Portanto, a expressão sugere uma crítica ao modo como a sociedade avalia e lida com questões humanas e sociais.

Minha resenha do filme “Quanto vale ou é por quilo”

O filme “Quanto vale ou é por quilo” é uma produção cinematográfica que traz uma crítica forte à repetição histórica de um panorama social trágico: a exploração da massa, principalmente a afrodescendente. Destacam-se os ideais do neoliberalismo apresentados em todo o filme:

A ausência do Estado: quando as ONG´S assumem o papel de benfeitores e socializadores da população, já que os programas sociais dos governos são ineficientes diante da burocracia. E permite o escoamento de recursos entre os mais ricos e dominadores.

O lucro acima de tudo: incluído em todas as relações ele interfere diretamente distorcendo conceitos morais e despertando a ambição individual de cada um.

O individualismo pessoal acima dos valores coletivos: quando uma pessoa da própria massa trabalhadora ou escrava assume papel de carrasco em benefício de si próprio, assim o coletivo fica enfraquecido, evitando rebeliões e reivindicações por condições melhores que podem gerar mais custos à produção e à mão de obra.

O ideal de que os ricos são assim porque trabalharam muito (o que não é verdade, já que o montante de riqueza de muitas famílias perduram gerações como herança), e só é pobre quem não trabalhar muito, o que, na verdade, atende aos interesses capitalistas, pois estes necessitam de mão de obra barata e trabalhadores convictos de que um dia alcançarão o padrão de vida da burguesia. Inclusive esta fala estava presente no filme.

O que mais nos chama a atenção é a repetição histórica dos fatos, mudando apenas os personagens. Há uma sensação de que mesmo após anos de “desenvolvimento” repetimos todos os erros que cometemos historicamente. O capitão do mato, volta a cena quando um rapaz pobre, de descendência afro, persegue seus próprios semelhantes em busca de benefício próprio.

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Em alguns momentos há um tom de humor e ironia, como nas fotos que selam o desfecho de determinadas histórias que provém de documentos verídicos, o que aumenta o tom de dramaticidade, pois são situações que, atualmente aos nossos olhos, nos chocam, mas no transcorrer do filme, voltam a cena e se repetem nos dias atuais, como um círculo vicioso que não se quebra. 

A empregada que adota uma garota negra e depois a troca por uma dívida, remontando a venda de escravos, o capitão do mato que volta a cena perseguindo seus próximos, a preocupação fingida dos mais ricos com a situação social das pessoas, quando, na verdade, eles almejam apenas lucro e um certo “bem estar” da massa pobre que permita sua exploração.

É um filme forte que nos faz refletir e pensar: até quando cometeremos os mesmos erros do passado e manteremos essa estrutura que beneficia apenas uma minoria?

Mensagem final sobre ONG´s

Trabalhei quase 10 anos em uma Organização Não Governamental, inclusive lancei um livro sobre essa grande experiência que tive, você pode conhecê-lo neste link 👈, e por isso quero fazer uma ponderação: 

“Nem todas as ONG´s se encaixam no perfil apresentado no filme. Existem, sim, organizações que realizam um bom trabalho e trazem grande contribuição para diminuição das desigualdades e injustiças sociais. É importante salientar isso para que não se alimentem pré-conceitos e generalizações.”

Quanto Vale Ou É Por Quilo ? Filme Completo

Filme Quanto vale ou é por quilo?

Temas tratados no filme

  • Exploração da miséria pelo marketing
  • Denúncia social
  • Preconceito racial
  • Entidades assistenciais
  • Preconceito de gênero (figura feminina à margem)
  • Valores éticos deturpados
  • Degradação humana
  • Seleção étnico-racial
  • Comércio de escravos século XVII
  • Quilombos
  • Escravidão
  • Corrupção dos setores público e privado
  • Organizações não governamentais ONG´s
  • Indústria da cultura

Ficha técnica completa

  • Título: Quanto Vale Ou É por Quilo? (Original)
  • Ano produção: 2005
  • Direção: Sergio Bianchi
  • Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Cannito
  • Autor da obra original: Machado de Assis (conto “Pai Contra Mãe”)
  • Estreia mundial e no Brasil: 2005
  • Duração: 110 minutos
  • Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
  • Gênero: Drama 
  • Países de Origem: Brasil
  • Produção: Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira
  • Fotografia: Marcelo Copanni  
  • Edição: Paulo Sacramento

Elenco e personagens do filme “Quanto vale ou é por quilo?”

  • Ana Carbatti como Arminda
  • Cláudia Mello como Mônica
  • Herson Capri como Marco Aurélio Silveira
  • Caco Ciocler como Ricardo Pedrosa
  • Ana Lúcia Torre como Maria Antônia do Rosário / Nôemia
  • Sílvio Guindane como Candinho
  • Lena Roque como Lurdes
  • Miriam Pires como Judite
  • Lázaro Ramos como Dido
  • Leona Cavalli como Clara
  • Odelair Rodrigues como Lucrécia
  • Joana Fomm como Maria Amélia
  • Emílio de Mello como Luciano
  • Caio Blat como Bira
  • Marcélia Cartaxo como Funcionária da Ong
  • Ariclê Perez como Marta Figueiredo
  • Zezé Motta como Joana Maria da Conceição
  • Antônio Abujamra como Proprietário de escravo
  • Ênio Gonçalves
  • Danton Mello
  • Umberto Magnani
  • José Rubens Chachá
  • Milton Gonçalves
  • Tatiana Godoi

Prêmios do filme

O drama dirigido por Sérgio Bianchi ganhou quatro prêmios do Cine Ceará: Melhor Roteiro, Melhor Edição, Melhor Ator Coadjuvante (Lázaro Ramos) e Melhor Atriz Coadjuvante (Ariclê Perez)

Trailer do filme “Quanto vale ou é por quilo?”

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